Madnaus


EDITORA REFORMATORIO

54,00

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A escrita de Susy Freitas tem pique de arrebatamento. É uma escrita-grimório que lida com encantamentos e desencantamentos, sortilégios e feitiços de fetiches, mas não de uma forma caricatural, como anda em voga, explorando um xamanismo ancestral cheio de fundamentalismo identitário. Nada disso. Muito melhor e mais instigante, porque é uma escrita de encruzilhada verbal, capitaneando os chamamentos da atualidade feroz, onde as mitologias da Amazônia, como zona franca faroeste, inferno verde com fronteiras clandestinas e oficiais, entram em fusão de cruzamento com as mitologias dos campos de força da Antiguidade representados pelas reservas encurraladas, corrompidas, dos ditos indígenas. As entidades evocadas & invocadas saem do choque & fusão entre o bioma selvagem raiz & o urbeoma que chega forasteiro, cheio de tecnoselvageria de consumo civilizado. Os dois biomas, entranhados na escrita contundente de Susy, misturando fantasmas de vapor, tomando banho usando jaquetas de couro, sonhando nas folhas e nos bebês aliens em expansão, mexendo com pedais de distorção, na aceleração corporal de uma Baby Love Mãe, nas motos cercando as torres de observação, e nas rezas agitando espíritos celestes para que a baba chuvosa geradora dos rios aéreos volte a marcar sua presença. A escrita de Susy Freitas é uma escrita-grimório saída de uma Amazônia mixada e desconcertante. Porque Susy, a exemplo das suas personagens, é uma amazona desconcertante e remixada, escancarando em sua escrita a pulsação acelerada de tudo o que acontece no Norte das nossas vidas.