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Minha Voz de Tinta
BEYER, MARCEL
JABUTICABA
60,00
Estoque: 11
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"CAN U HEAR ME diz um dos versos do primeiro livro de poemas de Marcel Beyer, instaurando assim uma poética feita de vozes próprias e alheias, ruídos, scratchs e sobreposições de rastros, fragmentos e relíquias sonoras. Diante destes textos somos relembrados de que o primeiro órgão sensorial de um poeta é, na verdade, o ouvido. A forma como o autor integra nos seus poemas citações, frases e aforismos deve-se frequentemente às sugestões e aos efeitos estimulantes presentes em sua sonoridade. São os sons de aparelhos sonoros, bem comodas memórias da fala, ecos da música pop combinados com os da poesia medieva, clássica e moderna que fazem desses textos uma sobreposição de canções de todas as épocas."
-- Douglas Pompeu
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É preciso lavar as mãos
em tinta, é preciso gargarejar
com tinta. Os lábios
estão pretos, estão roxos,
estão azuis. Os dentes atrás
da escrita. Eu penduro
a língua até o fundo do
tinteiro, enfio minhas mãos
na goela. Lanço tiras
de papel na minha própria
garganta. Detrás da escrita
há espaço ainda, detrás
da escrita há sempre
espaço ainda. […]
*
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