Só uma Rosa Como Arrimo

DOMIN, HILDE
EDICOES JABUTICABA

50,00

Estoque: 6

"O poema adere à língua. A densidade de relações que ligam forma e conteúdo enraízam o texto poético em sua floresta linguística. Como um “fruto em sua pele”, ele desafia a língua da tradução, “manto real” que apenas recobre a unidade poética, sem nela aderir – segundo a imagem da Tarefa do tradutor, de Walter Benjamin. Entretanto, poetas são frequentemente também tradutores e tradutoras, e a motivação para a criação poética se associa muitas vezes à consciência da pluralidade linguística produzindo ecos de um certo “lá” no “aqui” da língua de escrita. É o caso de Hilde Domin. Como nos conta Simone Brantes no belo posfácio a sua tradução, Domin começou a escrever poesia tardiamente, por volta dos quarenta anos. Seu primeiro poema a teria surpreendido como uma “tradução sem original”, no momento de seu retorno à Alemanha, depois de mais de vinte anos de exílio – período no qual passou por diversos lugares e exerceu várias atividades até se fixar na República Dominicana, onde foi tradutora de poesia espanhola ao alemão. Embora tardia, como outras e outros poetas de expressão alemã iniciando no pós-guerra, Hilde Domin também via na catástrofe histórica do nazismo a impossibilidade de um simples retorno ao país e à língua de origem. Além disso, sua poética está relacionada à imersão na literatura de expressão espanhola e no espanhol do Caribe. Não por acaso, o sobrenome que escolheu como assinatura remete à ilha em que viveu. Viajante “em quem a palavra/da fugacidade/ de todo permanecer/se fez carne/”, ela produziu a lírica de uma paisagem migrante: “É preciso saber partir/e ainda assim ser como uma árvore:/como se as raízes se atassem ao chão, /como se a paisagem migrasse e nós não arredássemos.” As imagens do barco e da árvore se entrecruzam frequentemente em sua linguagem poética, traçando itinerários oníricos para múltiplos enraizamentos. A poesia destes percursos é uma casa construída com “o céu azul dos trópicos,/o ar leve de Madri,/(…) O quarto em verde claro gobelin/das encostas de Heidelberg." É essa utopia que reencontramos nas belas traduções de Simone Brantes, verdadeiras “transcriações” da densidade poética dos originais. A tradutora, também poeta de primeira grandeza, sabe bem que, na unidade do “fruto em sua pele”, talvez já se encontrassem vestígios do manto real da tradução, com suas largas pregas."
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