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o Significante, a Letra e o Objeto
MELMAN, CHARLES , QUILICHINI, JOSIANE , CACCIALI,
CIA DE FREUD
60,00
Estoque: 2
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É preciso ressaltar aqui um aspecto da "lingüisteria" psicanalítica que não deve ser desconhecido. Durante a formação de uma frase, os significantes são unidos entre si pelo verbo ser para formar uma significação qualquer. Os gramáticos de Port-Royal foram os primeiros a mostrar essa estrutura da frase cuja tensão está centrada no ser. De modo que, sejam quais forem os significantes unidos pelo verbo, a performance do sujeito consiste em translatar a questão do ser, que arriscaria objetivá-lo (conforme o desejo do Outro), em ser da frase. Esta assim claro agora que o ato de falar reconduz o recalque originário. Quando ocorre pela primeira vez o Hilflosigkeit psíquico do bebê, esse desamparo não se deve apenas à sua impotência fisiológica, mas ao fato de que deve responder a uma demanda impossível. Ele não pode satisfazer ao que lhe pede a mãe, à qual, no entanto, deve tudo. Seu grito ultrapassa toda demanda e toda necessidade, já expressão dessa subjetividade nascida desse desamparo. E esse próprio grito chama a demanda que o reconduz. O grito é mais que o grito: ele se lembra do grito de antes mais que faz gritar, como escreve Freud no Projeto. O encadeamento de dois gritos conforme um par ordenado já é o ato de um sujeito que se produz ao mesmo tempo em que recalque daquilo que o faz gritar, isto é, a demanda, ou ainda, o objeto da pulsão. Como vêem, essa breve indicação de Freud obriga a fazer hipóteses mais precisas sobre o recalque originário.
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