o Belo Sexo Dos Homens

EHNUEL, FLORENCE
OBJETIVA

49,90

Fora de Catálogo

Depois de quatro filhos e um traumático porém bem-resolvido divórcio aos 35 anos, a vida de solteira leva a filósofa francesa Florence Ehnuel para outra percepção sobre sua sexualidade, mais precisamente sobre sua relação com o órgão sexual masculino. Seu olhar torna-se uma zona erógena onde todos os prazeres, censurados durante muito tempo, são agora permitidos. Neste ensaio repleto de erotismo, referências filosóficas e descrições poéticas do pênis, a autora conduz seus leitores num passeio voyeurístico e libertador, que acaba por nos falar de uma crise típica de mulheres da sua geração, cuja suposta liberdade sexual esconde, na verdade, uma profunda repressão sexual. "Por mais de dez anos, partilhei com um marido o leito conjugal. Experimentei prazeres dos quais ainda me alegro (...). Contudo, o território do corpo masculino, que eu olhava, que passava por mim, continuava limitado a algumas sensações. (...) Eu apertava contra mim um homem nu, cobrindo-o de carícias, e o recebia na minha vagina, mas não me permitia aclamar ou conhecer plenamente o mais precioso e belo de seus atributos. Ficava na reserva, pudica, inquieta, insegura, pelo menos em parte; pelo menos de maneira inconsciente meu desejo não era totalmente livre ou liberado; ele era atrelado ainda, abarrotado de desconfortos, freado." Sem cair no clichê da literatura erótica, Florence faz uma reflexão quase filosófica de sua vida privada, falando com desenvoltura sobre seu casamento e os encontros amorosos que se seguiram à separação do marido, apesar de continuar vivendo com ele e os filhos na mesma casa: "Um dia, meu marido me disse que amava outra mulher e queria poder encontrar-se com ela livremente durante as férias e em alguns fins de semana. (...) Inicialmente, achei a situação difícil de enfrentar; foi perturbador. Mas logo constatei que eu não queria de modo algum impedir meu marido de aproveitar a oportunidade que a vida lhe oferecia de crescer. Em seguida, fui aos poucos descobrindo uma nova liberdade. Ao aceitar que ele se ausentasse quando quisesse, eu mesma procurei alimentar minha vida fora do lar (...). Tive assim uma segunda adolescência. Incluí novamente em meus planos o projeto de construir minha autonomia, e me senti bem." Neste ensaio, a autora trata também com extrema franqueza sobre a dificuldade de conciliação da vida sexual no casamento com o exercício pleno da maternidade: "Quando cheguei a esse período próximo aos 40 anos, fartei-me de maternidade, entupi-me por vezes a ponto de ter indigestão de maternidade física e espiritual. Tive quatro filhos, dei à luz sem peridural, amamentei cada um deles durante mais de um ano, embalei-os, contemplei-os dormir, joguei longamente o jogo das pedrinhas ao acaso pelas calçadas, brinquei de bolo de areia na praia. Alegrei-me com seus progressos fulgurantes, tentei aperfeiçoar o modo mais respeitoso de me dirigir a eles, procurei compreender ao máximo suas lágrimas e angústias, suas vontades e seus ciúmes. Em resumo, fartei-me de tudo o que eu achava essencial para a minha vida de mulher e quase fui sugada. Creio até que acabei me perdendo: ao fim de dez anos, estava saturada; não conseguia mais viver no ritmo de um bebê." Para Florence, querer sempre que uma alegria tenha certa dimensão amorosa, que possua um gancho qualquer com a sexualidade, pode ser apenas uma forma de complicar a vida: "No Banquete, Platão ensina que o amor pelos belos corpos é o primeiro grau na ascensão para outros amores menos carnais e muito mais compensadores para a alma: amor pelos verdadeiros objetos espirituais que realizam inteiramente seu destino: a beleza em geral, as virtudes maiores, as ideias. Talvez Platão tenha razão. Talvez enlevos maiores, que eu ignoro totalmente, me esperem a léguas da sexualidade, mais leves ainda, mais liberados e libertadores. Mas, no momento, (...) decido confiar nos sinais de meu corpo de mulher." Corpo feminino este, como ela ensina, que merece olhar, admirar e desejar o sexo oposto sem disfarces e censuras, na mesma medida que, desde sempre, seu sexo, seus seios e outras zonas erógenas foram alvo de olhares e desejos masculinos despudorados: "Às vezes Raphaël me diz (...) 'quero te ver'. (...) Sou sua aluna nessa matéria: ‘ver’ - ver, olhar, contemplar, observar, detalhar. Ter o direito de ver o sexo, sem limites, sem inquieta-ção, sem vergonha, sem restrição, sem preocupação. Ele é, então, de fato, receptível, ele é reconhecido, ele pode ser cantado, e ele é uma verdadeira obra de arte, uma obra-prima de verdade. (...). A carícia da boca virá depois da contemplação, ela se impõe e se apressa, mas se ela acompanha o olhar, torna-se outro meio de investigação, que também tem sua exatidão e suas virtudes", escreve a autora.
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