Em Chamas: Uma (Ardente) Busca Por Um Novo Acordo Ecológico

KLEIN, NAOMI
ALTA CULT

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“Fale com os outros da maneira que você gostaria que falassem com você”, foi o que o presidente da reunião pediu pela última vez antes de abrir a sessão para perguntas. Durante um tempo, a multidão, composta principalmente por famílias de pescadores, apresentou uma contenção impressionante. Todos escutavam pacientemente enquanto Larry Thomas, um genial especialista em relações públicas da BP, afirmava estar comprometido em fazer o seu melhor para que as reivindicações de perda de receita daquelas pessoas fosse processada — na sequência, todos os detalhes seriam passados adiante para um subcontratante bem menos amigável. As famílias ouviram também o representante da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos conforme ele as informava que o dis- persante químico borrifado em grandes quantidades sobre o óleo era perfeitamente seguro, ao contrário do que eles já tinham lido sobre a ausência de testes e o produto ter sido banido na Grã-Bretanha. Mas a paciência começou a se esgotar quando Ed Stanton, capitão da guarda costeira, subiu ao palco pela terceira vez para assegurar- -lhes que “a guarda costeira pretende garantir que a BP limpe todo o derramamento”. Alguém gritou: “Escreva isso no papel!” A essa altura, o ar-condicionado já havia sido desligado e a Budweiser dos refrigeradores estava prestes a acabar. Um pescador de camarão chamado Matt O’Brien se aproximou do microfone. “Não precisamos mais ouvir isso”, declarou ele, com as mãos nos quadris. Não importava quais garantias estivessem sendo oferecidas, porque, ele explicou, “nós simplesmente não confiamos em vocês!” E, com isso, uma animação tão intensa emergiu, que você poderia pensar que os Oilers (o infeliz nome do time de futebol americano da escola) tinham acabado de cruzar a linha de gol e marcar um touchdown. O confronto foi, no mínimo, catártico. Durante semanas, os moradores foram submetidos a uma série de conversas estimulantes e promessas extravagantes que vinham de Washington, Houston e Londres. Toda vez que ligavam a TV, encontravam o chefe da BP, Tony Hayward, dando sua palavra de honra de que ele “faria tudo da Criado em: 18/12/19 Modificado em: 22/09/2021 Etapa por: Lucia Quaresma CG_MIOLO_On_Fire_cap01 Criado em: 18/12/19 Modificado em: 22/09/2021 Etapa por: Lucia Quaresma CG_MIOLO_On_Fire_cap01 7UM BURACO NO MUNDO AMOSTRA maneira correta”. Ou então era o presidente Barack Obama expressando sua confiança absoluta de que seu governo deixaria “a costa do Golfo em um estado ainda melhor do que antes”, que ele estava “assegurando” que “tudo voltaria a se restabelecer com ainda mais força do que antes desta crise”.
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