Oposto Do Destino, O 1 Ed 2006

TAN, AMY
ROCCO

46,50

Fora de Catálogo

A vida de Amy Tan parece ter saído de uma novela mexicana. Só para dar uma idéia da intensidade dos fatos que marcaram a trajetória da escritora, sua mãe, imigrante chinesa, era uma mulher traumatizada que foi presa por adultério, presenciou o suicídio da própria mãe (a avó de Amy) e passou toda a existência ameaçando se matar. Ainda bem jovem, a autora perdeu tragicamente o irmão e o pai, que morreram quase ao mesmo tempo por conta de um tumor no cérebro. Tem mais: entre outras desgraças, Amy teve que reconhecer o corpo de seu melhor amigo, assassinado brutalmente, e contraiu uma doença provocada por carrapatos contra a qual luta até hoje e que, entre outras complicações, impediu-a de escrever por um bom tempo. Essa história que mais parece um folhetim poderia significar apenas experiência de vida se Amy Tan não tivesse resolvido usar todo esse background para explorar seu talento para escrever. Foi a partir da tumultuada relação com a mãe, por exemplo, que surgiu O clube da felicidade e da sorte, best-seller que alavancou a carreira da escritora. Também foi esse o mote de outro grande sucesso editorial da autora, Os cem sentidos secretos. Assim como as duas obras citadas, os livros de Amy Tan costumam passear por esse mundo familiar marcado, principalmente, pela figura materna. Apesar de beber da mesma fonte, O oposto do destino, seu mais novo lançamento, vai além. No livro, primeira obra de não-ficção de Amy Tan, ela conta, em crônicas, passagens de sua vida e da vida de sua família. Guiada por memórias pulsantes, a escritora cria uma obra sensível, uma rica miscelânea cultural cujos relatos transitam ora pela intuitiva sabedoria oriental, ora pelo pragmático conhecimento ocidental. Amy Tan define O oposto do destino como a "verdade emocional" de sua vida. Usando o coração para colorir ainda mais sua história, ela escreve textos tocantes sobre os mais diversos assuntos. Em "Língua materna", por exemplo, mostra como, através de um inglês pobre e mal falado, sua mãe conseguia ser contundente e mordaz como poucos. Impressões sobre a profissão de escritora e um resumo da vida de seus pais são apresentados em "A versão cliffsnotes de minha vida". Na crônica "Uma questão de destino", Amy conta a história do assassinato de Peter, seu grande amigo. Já os transtornos causados pela doença de Lyme, provocada por carrapatos, estão presentes no texto que dá nome à obra. Segundo a autora, trata-se de um livro de pensamentos ligados ao seu fascínio pelo destino. Ainda nas primeiras páginas ela diz assim: "Vejo que essas transformações do destino são, na realidade, uma única coisa abrangente: esperança. A esperança sempre é permitida para todas as coisas. A esperança está sempre presente. Minha mãe, que me ensinou várias mudanças do destino, era uma ardente defensora da esperança. Se o destino era o ponteiro pequeno de um relógio, automaticamente movendo-se para a frente, ela podia encontrar um meio de obrigá-lo a voltar. Fazia isso sempre. Ela, que sempre acreditou piamente que eu seria médica, mais tarde gabava-se para quem quisesse ouvir: ‘Eu sempre soube que ela seria escritora.’ Dizendo isso, o destino era mudado e a esperança, realizada. E aqui estou, uma escritora, exatamente como a previsão de minha mãe."
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