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Vintém de Cobre
CORALINA, CORA
EDITORA GLOBAL
79,00
Estoque: 10
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No tempo do mil-reis, o vintem de cobre era a moeda mais desvaliosa, aquela que mal comprava um doce. Por modestia e tambem um pouco por malicia (talvez muita malicia), Cora Coralina batizou com o nome da velha moeda as suas quase memorias, ou meias-confissoes, como ela prefere, redigidas em versos. E um livro tumultuado, aberrante, da rotina de se fazer e ordenar um livro./ Tumultuado, como foi a vida daquela que o escreveu. Vida tumultuada, cheia de esbarroes do destino que, em vez de provocar desanimo, despertaram no espirito de Ana Lins dos Guimaraes Peixoto Bretas (nome verdadeiro de Cora Coralina) uma fibra de guerreira e uma sabedoria simples, por vezes meio marota, feita de respeito e piedade pelo ser humano, sobretudo pelos que sofrem, mas tambem com um fundo de ironia mansa e de malicia sem maldade, um humor tipico da gente do interior, um sarcasmo angelical (se e que ha sarcasmo entre os anjos), mistura de humildade franciscana e revolta diante das estupidas repressoes da sociedade e da dureza dos costumes antigos, sob os quais se criou, foi educada e que lhe deixou marcas tao profundas na alma: Na casa antiga, castigos corporais e humilhantes, coercao,/ atitudes impostas, ascendencia ferrea, obediencia cega./ Filhos foram impiedosamente sacrificados e despojados./ E para alguma rebeldia indomavel, la vinha a ameaca terrivel, impressionante/ da maldicao da mae, a que poucos resistiam./ Do resto prefiro nao esmiucar.Os poemas de Vintem de Cobre sao todos escritos neste tom simples e comunicativo, num lirismo quase de toada sertaneja, ricos de experiencia humana. Talvez por pudor, ou autodefesa, nunca revelam toda a dureza dos fatos. Ficam nas meias-confissoes. E por malicia sao chamados de vintem de cobre quando, na realidade, constituem a mais pura e autentica moeda de ouro.
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