Edith Stein Dialogo Judaico-Cristão

SILVA, LUIS CARLOS DE CARVALHO
EDITORA IDEIAS E LETRAS

34,90

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O primeiro enfoque é o filosófico, e apresenta Edith Stein se encontrando com a filosofia fenomenológica de Edmund Husserl (1859-1938), que utiliza Introdução 17 como principal método científico a observação das manifestações humanas, dentre elas o sentimento religioso com suas doutrinas e rituais. A intuição de Stein acerca da apreensão da experiência intersubjetiva, trabalhada em sua tese doutoral sobre o problema da empatia (Einfühlung), apresenta esse fenômeno como constitutivo da subjetividade humana. Stein, por meio do método fenomenológico, demonstra que a vivência da experiência do outro, apreendida pelo processo empático, permite perceber, imediatamente, a presença do outro, reconhecendo-o através da intuição, como um outro-eu. A “filha de Israel”, ao escrever a sua tese, quis afirmar a importância da concepção realista da pessoa, argumentando que o “eu” nunca se apresenta na forma abstrata, mas como um ato de presença em qualquer lugar onde se encontra. Isso permite entender que no fenômeno religioso se dá o encontro que Edith Stein define como “de pessoa a pessoa”, com o intuito de delinear a forma e o caráter desse encontro pessoal, isto é, o ser humano que vive de modo autêntico o encontro com Deus pode estabelecer com Ele uma relação de filiação e de fidelidade, e, para a filósofa, o ápice desse encontro e amor recíproco se dá na Ciência da Cruz. O segundo enfoque exposto é o psicossociológico, porque apresenta Edith Stein vivendo o fenômeno religioso de forma singular, pela experiência mística que tem, e pela vivência empática da fé com o judaísmo e o cristianismo. À medida que foi despertada para a presença do Ser Superior em contato empático com as criaturas, a filósofa experimentou a influência da religião em sua vida, sob diversos ângulos: em sua história pessoal junto aos seus familiares, no contexto cultural e político em que a tradição religiosa judaica e cristã estavam imersas, e diante do regime idolátrico ao nazismo. O capítulo prossegue narrando a descoberta da “Verdade”, que há tempos era almejada pela filósofa, e a constatação do processo empático entre ela e Teresa de Ávila, Jesus de Nazaré e João da Cruz, conclui narrando o martírio espiritual e real da “filha de Israel e da Igreja Romana” na Shoah. O terceiro enfoque é o teológico e retrata a “filha da Igreja Romana”, após sua adesão ao catolicismo, iniciar um processo de perscrutar o mistério 1 O livro A Ciência da Cruz (1942) é o último trabalho de Edith Stein, no qual ela trata da pessoa e da liberdade humana. A santifique o Nome de Deus. A reflexão acerca da Aliança é o segundo tópico e centro desse terceiro enfoque, que traz no primeiro as raízes históricas e teológicas, bem como os documentos e declarações oficiais das autoridades judaicas e da Igreja Romana sobre a aproximação e o novo relacionamento estabelecido entre as duas tradições religiosas. Já o terceiro tópico apresenta e aprofunda a empatia de Edith Stein com o Povo de Israel, bem como as intuições dela presentes nas encíclicas dos Papa Pio XI (1857-1939) e João Paulo II (1920-2005). Os enfoques filosófico, psicossociológico e teológico se unificam e encontram harmonia na vida empática e polissêmica de Edith Stein, que, como seus contemporâneos, vive a perplexidade de um tempo conflituoso, imersa no turbilhão de agitações que avassalou a Europa no período das duas Grandes Guerras. Stein dá testemunho, com sua vida e obra, da necessidade de se aniquilar os preconceitos sociais e religiosos e não a pessoa humana, como se deu nos conflitos mundiais, a fim de que o diálogo prevaleça e, assim, se promova o ser humano, devolvendo-lhe a dignidade de filho de Deus.
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