A Pátria Portátil

DUJOVNE, ALEJANDRO
MORULA EDITORA

40,00

Estoque: 7

A história a ser lida nesta obra não se liga necessariamente à instância nacional de um povo, embora signifique a trajetória de um objeto, o livro, dentro de um espaço nacional. Mais que qualquer coisa, talvez este livro demonstre como é possível que um capital literário — e editorial — exceda a instância nacional. As flutuações, tensões, assimetrias e conflitos entre as línguas que representaram diferentes projetos político-religioso-culturais judaicos asseveram que hebraico, iídiche, inglês e espanhol, entre outras, foram línguas, se não nacionalizadas, incorporadas ao caráter pátrio dos judeus. Não que as línguas não importassem — muito pelo contrário, todas se relacionam naquele espaço de enunciação, conforme se poderá ler neste livro —, mas elas permitiram a materialização de diferentes posicionamentos frente à produção literária judaica e às grandes questões enfrentadas por esse povo na Argentina ao longo de todo o século XX. Aqui se conta uma história transnacional, mas também translíngue, que desafia “a realidade da desigualdade de acesso ao universo literário”. Se o espaço literário-editorial da Argentina é crescentemente rico no período que vai da década de 1910 até a de 1970, não é sem muito esforço que os empreendedores judeus furam, a princípio, a hegemonia da língua castelhana para oferecer aos correligionários leituras em iídiche e em hebraico. Em A pátria portátil, Alejandro Dujovne faz significar a máxima de Pessoa em toda sua beleza, trazendo ainda mais complexidade às palavras. Por mais contraditória que seja a ideia de “pátria”, que se constituiu a partir de um imaginário de fronteiras, a pátria como organização social desafia os limites e nos permite repensar suas diferentes configurações. Ampliando a noção de pátria do autor português, por esta obra, podemos dizer que minha pátria — a pátria de algum povo — são meus livros, as ruas e instituições culturais por onde suas histórias foram contadas página a página. Ao ler o livro é possível conhecer cada rua, nos familiarizar com a(s) história(s) e tradição(ões) dos judeus na Argentina e entender como se prolonga uma pátria sem fronteiras físicas ou políticas, em espaços às vezes não tão favoráveis.
Ao navegar no nosso site você declara estar de acordo com nossa Política de Privacidade