Inventário


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Uma velha estação termina. Um corpo transforma outro corpo. Um país é deixado para trás. O brilho da lua de Reykjavík a iluminar um mundo que prepara o fim do mundo. Em seu novo livro de poesia, Francesca Cricelli parte da ideia de inventário para fazer uma apuração do que tem sob seu cuidado, quando tudo parece já ter saído do lugar. No poema de abertura, o estranhamento de quem perdeu algo essencial, mas ainda não por inteiro: “conheço um país, mas não o reconheço —/ quando em mim adentro suas tramas/ armo-me até os dentes”. E não seria justamente essa a sensação a assombrar todos os exilados? Para Cricelli, este é um livro-diário, “mas polido”, no qual o brilho de uma erupção vulcânica e o branco impassível da neve de uma terra estranha assumem as formas de uma poética que dialoga com poetas como Inger Christensen, Ida Vitali, Ana Cristina César e Vasko Popa. E o desejo de inventariar surge do impulso de ponderação do tempo e dos deslocamentos, que assim cria o “inventário imaterial” de uma poeta que caminha pelo mundo reunindo íntimos souvenirs. Este é o primeiro livro que Francesca escreve usando o português como ponto de partida, divergindo do método em que escrita e tradução formavam um só ato. Em Inventário, a despedida momentânea do italiano abre caminho ao português que também é lar. Daí, surge uma voz de versos íntimos e inquisitivos, que reparte com leitores suas transformações, internas e externas. Entre elas, a maternidade, que irrompe nos versos de forma tão bela quanto inquieta: “é sempre violenta a reintegração de posse de um corpo:/ costelas, aréolas/ passageiras as ocupações/ e giram as folhas no ar/ rubor antes do gelo”. Inventário é o projeto de colheita de alguém que sabe estar vivendo numa época em que tudo agora vibra como prenúncio.
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