A Loucura de Holderlin

AGAMBEN, GIORGIO
AYINE EDITORA

84,90

Estoque: 7

A vida de Hölderlin divide-se exatamente em duas metades: os 36 anos de 1770 a 1806 e os 36 anos de 1807 a 1843, que transcorre como louco na casa do marceneiro Zimmer. Se na primeira metade o poeta vive no mundo e participa na medida das suas forças dos acontecimentos do seu tempo, a segunda metade da sua existência é transcorrida de todo fora do mundo, como se, apesar das visitas esporádicas que recebe, um muro a separasse de qualquer relação com os eventos externos. Por razões que talvez fiquem ao final claras para quem lê, Hölderlin decidiu eliminar todo caráter histórico e social das ações e dos gestos da sua vida. Segundo o testemunho de seu mais antigo biógrafo, ele repetia obstinadamente "não me acontece nada". Sua vida pode apenas ser objeto de crônica, não de uma biografia e muito menos de uma análise clínica ou psicológica. E, no entanto, a hipótese do livro é que, desse modo, Hölderlin deu à humanidade uma outra, inédita figura da vida, cujo significado genuinamente político resta ainda a medir, mas nos diz respeito de perto. “A vida habitante de Hölderlin neutraliza a oposição entre público e privado, faz com que coincidam sem síntese numa posição de paralização. Nesse sentido, sua vida habitante, nem privada nem pública, constitui talvez o legado propriamente político que o poeta dá ao pensamento. Também nisso está próximo de nós, a nós que da distinção entre as duas esferas não sabemos mais nada. A sua vida é uma profecia de algo que seu tempo não podia de nenhum modo pensar sem ultrapassar os limites da loucura.
Ao navegar no nosso site você declara estar de acordo com nossa Política de Privacidade