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o Naturalismo e o Naturalismo No Brasil - Questões De Forma, Classe, Raça e Gênero No Romance Brasil
SEREZA, HAROLDO CERAVOLO
ALAMEDA CASA EDITORIAL
110,00
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Questões de forma, classe, raça e gênero no romance brasileiro do século 19.
Este excelente trabalho, que teve como foco inicial o estudo de O cortiço, de Aluísio Azevedo, é verdadeiramente inovador, no sentido forte da expressão.
Produto original de uma tese de doutorado, defendida na USP, pouco tem, ou quase nada, dos cacoetes comuns em trabalhos universitários de crítica literária: vai muito além de crítica literária, que, aliás, também é.
Pode-se dizer que o leitor tem diante dos olhos a discussão, uma nova discussão, de história literária brasileira e internacional dos fins do século 19. Há também uma ótima história das ideias do período, abrangendo o nacional e o internacional, em suas múltiplas e complexas relações e cruzamentos, até hoje pouco estudados e menos ainda conhecidos.
A retomada das questões que, de fato, envolvem o naturalismo, por aqui e alhures, talvez pareça, aos desavisados, algo arcaico e sem forças. Porém, logo que o país superar o pesadelo, de barbárie aberta, que se pode chamar, pelas evidências disponíveis, de psicopata, paranoica e necrófila, que nos assombra, tudo parecerá muito diferente do clima boçal e ignaro, que está por aí.
O naturalismo sem o peso dos preconceitos e moralismo idiotas, que o envolveu desde suas origens, vai ganhar conteúdo civilizatório e vivo, o que permite pensar a formação social e intelectual do Brasil.
Bastante lembrar que a preta Bertoleza, escrava enganada e explorada até os ossos pelo português-brasileiro João Romão, ganha neste estudo um estatuto novo, conforme requer o romance de Aluísio, e nos chega à boca de cena.
Enfim, o leitor deste livro de Haroldo Ceravolo Sereza fará também um percurso novo, criativo e libertário na compreensão do Brasil. A boa literatura, e seu melhor estudo, são especialmente isso.
V. F. – fevereiro de 2022
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