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Máquina
CARRIAS, ELEAZAR VENANCIO
URUTAU EDITORA
45,00
Estoque: 15
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O problema está em nomear as coisas.
Um nome pode desencadear tristes destinos.
Tanto quanto possível,
evita essa tarefa ingrata.
Se nosso irmão não se chamasse Caim,
teríamos Abel conosco esta noite.
O pai nunca se perdoou por ter
escolhido o nome errado.
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A poesia será uma língua de fogo ou não será. Evoco a bela e forte imagem bíblica para saudar a poesia de Eleazar Venancio Carrias e por perceber sua palavra poética não apenas compartilhando de uma centelha daquela labareda contagiante, mas também por reconhecer nela a capacidade de se comunicar comigo na minha própria língua, naquela linguagem íntima e primordial que só a poesia sabe e pode acessar, e que é única para cada indivíduo. Assim, recebo esta poesia com entusiasmo, palavra da qual gosto muito, por significar literalmente ser tomado pela divindade. E a qual deus servimos melhor, senão à Poesia? Isto é para dizer que esta Máquina irá tocá-lo a fundo, leitor, menos como um dispositivo artificial, mas como um organismo vivo, algo que se move e que põe coisas (percepções, pensamentos, palavras) em movimento. Uma poesia que é filha da elegância da luz. E não será por acaso que a lucidez e a claridade que amalgamaram a poesia de João Cabral de Melo Neto e a arquitetura da máquina de comover de Le Corbusier pareçam se movimentar entre os poemas de Carrias, não como referências explícitas, mas como cintilações, seja no cultivo de relâmpagos, ou no elo quente silêncio da fruta esquecida sobre a mesa. Do mesmo modo, como em todo trabalho poético que se preze, cintilam outras vozes, outras referências que, no entanto, só afirmam que a poesia de Eleazar Venancio Carrias tem brilho próprio e veio para ficar.
MICHELINY VERUNSCHK
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