Lançamento De Produto


REFLEXAO BUSINESS

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Não lance antes de ler Cada evento é único. Há uma série de parâmetros e procedimentos comuns aos eventos, em geral. Mas cada evento é singular. Assim como no teatro, toda vez é diferente (por mais que seja um roadshow). E esse é um dos pilares sedutores do live marketing. O vídeo nunca vai entrar no mesmo frame exato, o público não reagirá sempre com a mesma intensidade, a atração musical não repetirá exatamente o que fez nos ensaios. Ao mesmo tempo, como costumamos dizer, “não há segunda chance”. O que dimensiona a responsabilidade de quem realiza o evento. Profissionais, agências, clientes. Não há (ou, pelo menos, não deveria haver) espaço para amadores e curiosos. Num evento corporativo, de qualquer tipo, as imagens da marca, da empresa cliente, da agência, estão em jogo. Um fiasco, seja na produção, no posicionamento, no planejamento, pode pôr a própria sobrevivência da empresa em jogo. Eventos de lançamento, tema desse livro, tem, por sua vez, uma importância particular. Eles são o debut de um produto, e geralmente a culminância de um longo processo. Ao decidir lançar novo produto, uma empresa trabalha sua proposta de valor, posicionamento, a estratégia de produção e o plano para chegar ao mercado. Quando chega a vez do evento de lançamento, já existe tudo isso. Embalagens, variantes do produto, campanha publicitária, plano para trade, plano de RP. Aliás, é no evento de lançamento que todo esse planejamento costuma ser divulgado. Ele é o início da história pública daquele determinado produto, e, como escreve o Marcelo Medeiros mais à frente, em seu capítulo, citando uma frase tão conhecida quanto verdadeira, “a primeira impressão é a que fica”. Fundamental, portanto, que provocar essa “primeira impressão” da melhor, mais criativa e efetiva maneira, é algo que precisa estar em mãos (e cabeças) experientes, responsáveis e competentes. Para desenvolver esse tema dos eventos de lançamento, o coordenador desta coleção “Conecta Eventos”, o sempre antenado Sergio Junqueira, designou um time diverso de autores. São seis. Diferentes entre si em atuação e estilo. Mas que possuem em comum longas curvas de experiência e a generosidade de compartilhar parte do que sabem e acumularam com os leitores. Por serem diversos, apresentam suas ideias também de modo autoral e peculiar. Com o já citado Marcelo Medeiros, passeamos pela influência de seu avô em sua formação, e lemos palavras sábias sobre a necessária simbiose cultural que as agências e profissionais precisam buscar com as empresas clientes. Ele também nos oferece uma espécie de guia para pensar e planejar um evento. Outros autores também oferecem seus guias, o que torna esse livro valioso também para quem está em formação ou reciclagem na área de eventos. O guia oferecido pelo literalmente criativo Dil Mota é, como o próprio, mais lúdico e referenciado. Ele traz referências nacionais e internacionais, estimula os profissionais de eventos a estarem sempre em busca delas, e toca num ponto ao mesmo tempo básico e negligenciado. Bons criativos, planejadores e produtores de eventos são pessoas dotadas de curiosidade intelectual e sensibilidade artística. O que fazemos, todos, não é arte em si (é movimento estratégico que serve a objetivos específicos de uma marca, serviço ou produto). Mas isso é tão melhor criado e realizado quanto maior for o repertório de quem cria, planeja e executa, e a capacidade desse grupo de usar referências e recursos (das artes, principalmente, e em sentido amplo) a serviço daqueles objetivos. Já o guia de Milena Sakamoto tem um perfil acadêmico, como tem seu próprio – e bem organizado – capítulo. Ela faz uma boa ação enorme ao demonstrar, ainda que implicitamente, como o setor de eventos, profissional e especializado, é ligado ao planejamento quase científico. Desmistificar o profissional de eventos como uma pessoa “fora do normal”, que se vangloria de passar noites em claro, é extremamente necessário. Não há glamour na desorganização e no trabalho em doses e cargas horárias insanas. Milena não fala disso diretamente, mas entende-se, pelo seu texto, esse recado que qualifico fundamental. Noites em claro passou, no passado remoto, o experiente João Mattos, que promove em seu texto praticamente uma “arqueologia dos eventos”. Quem está na área há bastante tempo consegue até ouvir o “clá, clá, clá” dos projetores de slide montados nos históricos projetos de multivisão da veterana Miksom, por onde ele e muita gente do mercado passou. Mas João não ficou parado no tempo. Ao contrário, fez seu próprio tempo, desenvolveu negócios importantes e, ao lado da valiosa Dani, sua sócia e parceira de vida, e de uma equipe competente, assina projetos atualíssimos e de sucesso. Generosamente, ele recheia seu capítulo com diversos QR Codes pelos quais as pessoas podem acessar muitos dos cases de sua D/Mattos. Quem também tem muitos cases é o Banco de Eventos. Certamente uma casa referência do mercado (na minha opinião não apenas brasileiro). Talvez por isso (e, confesso, atendendo a um pedido meu e de Sergio), o líder do Banco de Eventos, o respeitado e querido Marcio Escher, tenha direcionado seu texto a evolução de um único segmento. Certamente o mais emblemático no recorte de eventos de lançamento de produtos. Aqueles ligados ao mercado automobilístico. Marcio desenha um histórico, traz cases que marcaram toda nossa indústria, pontua sobre o paradigma do “Salão Internacional do Automóvel”, e avança até os dias de hoje, quando a comunicação dirigida (e essencialmente digital) abre novas fronteiras e estilos para essa indústria tão importante dos automóveis. Ela própria em processo de reinvenção. Por último, e certamente não menos importante, o capítulo de Nico Prochaska sai do script e, em vez de teorizar sobre os eventos de lançamento, e citar seus cases (e ele os tem em bom número), dá uma aula de estratégia empresarial e descreve como ele e sua sócia Andrea (não por acaso também sua companheira de vida) transformaram suas empresas em plena pandemia e mostraram, na própria trajetória como empresários, capacidades valiosas para nosso mercado, como ousadia, resiliência, planejamento e agilidade. É mais uma aula. E das boas, que nos dá o comandante de boeing que virou empresário de live marketing. Além de praticamente uma declaração de amor (justifica-se, para quem conhece o casal). E o amor é bem-vindo em qualquer ocasião. De uma forma ou de outra todos os autores, como bons empresários, também aproveitam para vender seu peixe. Como concorrente e admirador de todos eles, garanto que é peixe bom e fresco. Aproveite a leitura (e visite nossas cozinhas). Wilson Ferreira Junior É jornalista de formação, profissional de live marketing e produção de conteúdo, por opção, há mais de 25 anos. Foi presidente nacional da Ampro por dois mandatos consecutivos e segue como membro permanente do conselho da entidade. É sócio-diretor da Agência ETNA e diretor-executivo da Agência Spice, que atuam no Brasil e no exterior e formam um pequeno grupo prestador de serviços estratégicos de comunicação para empresas nacionais e internacionais.
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