Hospitalidade E Os Eventos


REFLEXAO BUSINESS

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*por Guilherme Paulus, fundador da CVC Viagens e empresário. Começo meu depoimento citando uma das máximas da hotelaria nacional: “A arte de bem receber o cliente”. É algo muito simples, mas que traz na essência o princípio básico para uma hospitalidade de qualidade. O prazer em servir deve fazer parte do DNA de qualquer hotel, do check-in ao check-out, do hóspede de lazer ao cliente corporativo. Lembro-me como se fosse hoje quando adquiri o Hotel Serrano, em Gramado no ano de 1995. Ainda era um pequeno hotel familiar, que ao longo dos anos veio a se tornar o único resort urbano da cidade e referência na hotelaria da Serra Gaúcha e do Brasil, detentor de vários prêmios e até hoje um dos hotéis com o maior centro de eventos da cidade. Isso tudo resultado de muito trabalho, formação e capacitação das equipes, investimentos expressivos em ampliação e, mais do que nunca, a valorização da mão de obra local, que sempre foi um dos principais diferenciais do resort, contribuindo ativamente para o bem-estar da comunidade, transformando a vida das pessoas e ao mesmo tempo fortalecendo o destino turístico. Ao longo da minha vida profissional, cresci como agente de viagens, criei novos empreendimentos hoteleiros, ajudei a desenvolver destinos, vivi intensamente o cotidiano do setor durante toda a minha vida profissional, desde a fundação da CVC em 1972, com toda a sua história (fomos a maior companhia fretadora de navios na costa brasileira com sete transatlânticos, destaque para o icônico Blue Dream), depois durante a criação da WebJet, companhia aérea low cost, que chegou a ser a terceira maior companhia aérea do Brasil, também durante a criação da GJP Hotels & Resorts em 2005, e hoje no comando de outros negócios que também envolvem hotéis, como o Castelo Saint Andrews, em Gramado, referência em luxo e serviços personalizados. Falar de hotelaria e eventos é algo que sempre me inspira, afinal, são mais de 50 anos de mercado de Turismo no Brasil. E junto comigo vieram grandes parceiros e amigos especiais, que hoje escrevem a linha do tempo do nosso setor. São histórias especiais que vocês poderão ler nos capítulos seguintes, repletas de curiosidades e grandes lições de empreendedorismo. A hotelaria é um segmento que trabalha incessantemente, 24 horas por dia e sete vezes por semana, já que ocorrem chegadas e partidas em qualquer dia da semana, em qualquer data do ano. Mas é algo viciante. Atreva-se a perguntar a um hoteleiro sobre sua predileção pelo trabalho. Somos uma legião de entusiastas apaixonados! Cito aqui um dos trechos dos capítulos a seguir, pelo olhar da querida amiga Chieko Aoki, a grande dama da hotelaria brasileira que, inspirada pela Madre Tereza de Calcutá, disse: “Não deixe que as pessoas que cheguem até você saiam da sua presença sem sentirem-se melhores e mais felizes”. Sim, cuidar de gente é algo transcendental, meus amigos. E o hoteleiro precisa cuidar de gente, precisa inspirar, precisa criar e recriar. Vale ainda compartilhar: “O bem receber tem a ver com empatia, honestidade, respeito, tolerância”, diz o grande Alceu Vezozzo Filho, da família Bourbon Hotéis e Resorts. Ou ainda parafraseando a Lizete Ribeiro, do Grupo Tauá: “Percebemos que o que os clientes mais valorizam é o atendimento. O mundo é carente, as pessoas são carentes e o que todos nós precisamos é de atenção”. Perfeita colocação. Quando saímos de nossas casas em busca de um hotel para o nosso lazer, ou mesmo para o nosso trabalho, buscamos um conforto similar ou superior ao que já temos em nossos lares. E quando falamos de hotelaria no Brasil, não podemos deixar de falar também das grandes redes internacionais que aqui chegaram, desde a cadeia Hilton, em São Paulo, ao Holliday Inn, em São Bernardo do Campo, Santos e Campinas, depois os hotéis Meridien, no Rio, e, claro, a marca Novotel, da Accor, que trouxe padronização para a hotelaria, chegando inicialmente ao bairro do Morumbi, em São Paulo, e na sequência para o interior de São Paulo, levando hotelaria de qualidade também fora das capitais, como em São José dos Campos, Limeira e muitas outras cidades. A Accor também transformou os hotéis Quatro Rodas em Sofitel, uma marca de luxo que até hoje é destaque. E também cito aqui a rede Meliá, que chega na década de 90, com o grande amigo Virgílio de Carvalho, o primeiro diretor presidente da Meliá no Brasil, uma rede que cresceu exponencialmente no nosso país. A Accor também nos trouxe um grande trio de especialistas: Jean Larcher, o primeiro presidente da AccorHotels no Brasil, que além de ser hoteleiro entendia muito de turismo, ao lado de Firmín Antônio e do grande amigo Roland de Bonadona, que trouxe ainda mais conhecimento e profissionalismo para o nosso segmento. Larcher me apresentou o Turismo das Missões, quando participei da inauguração do Novotel Encarnacion, no Paraguai, grandes histórias. Um grande aprendizado da hotelaria internacional para o nosso mercado. Também não posso deixar de citar o Orlando Souza, que foi diretor de operações por 20 anos na Accor. Todos eles com grandes personalidades e que muito nos ensinaram sobre a arte de bem receber. Ser hoteleiro é ter o dom de encantar, seja com um gesto simples, um sorriso aberto ou um serviço mega personalizado. A leitura deste livro levará cada um de vocês a histórias distintas, mas cruzadas por um grande ideal de êxito, um segmento que funciona com uma das principais engrenagens para o desenvolvimento da economia no nosso país. A indústria do turismo e eventos contempla uma gama diversa de serviços, como hospedagem, transporte, e alimentação, que juntos são responsáveis por um grande contingente de mão de obra. Para se ter ideia, o setor de viagens e turismo deve ter representado 7,8% do PIB Nacional em 2023 e impactado de forma direta e indireta mais de 500 atividades econômicas. O turismo foi o setor que mais contribuiu para a alta do PIB em 2022: 1 em cada 10 empregos no Brasil é gerado pela cadeia produtiva do Turismo. Assim como comentei no início do texto, e para citar um bom exemplo, Gramado pode ser considerada um exemplo de todo esse desenvolvimento social e econômico. Consolidada entre os principais destinos turísticos do Brasil, com até 9 milhões de visitantes por ano, Gramado respira o Turismo: 86% da economia local é movimentada única e exclusivamente pelo Turismo (eventos e lazer). São mais de 270 hotéis e uma oferta que chega a quase 30 mil leitos, além de um calendário repleto de grandes congressos, feiras e festivais, como o tradicional e inesquecível Natal Luz. A hotelaria e o turismo de eventos seguem gigantes e prontos para novos voos. Para 2024, com uma agenda ainda mais moderna e tecnológica, também baseada nos avanços da Inteligência Artificial, marketing digital ativo e uma extensa agenda ESG, unindo hospitalidade à sustentabilidade. Aproveitem cada história inspiradora de grandes empresários que transformaram o nosso setor nos capítulos a seguir. Ótima leitura!
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