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Gramática do Perdão
RAVASI, GIANFRANCO
LOYOLA
6,00
Estoque: 1
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“Abel e Caim encontraram-se depois da morte de Abel. Caminhavam pelo deserto e reconheceram-se de longe […]. Os irmãos sentaram-se sobre a terra, acenderam o fogo e comeram. Estavam calados, à maneira das pessoas cansadas quando o dia declina. […] À luz das chamas, Caim percebeu na testa de Abel a marca da pedra, deixou cair o pão que estava prestes a levar à boca e pediu que lhe fosse perdoado seu delito. Abel respondeu: ‘Tu me mataste ou eu te matei? Já não me lembro…’.” Assim escreveu Jorge Luis Borges em sua obra Elogio de la Sombra. A consciência de que o perdão é uma realidade complexa e irredutível a algum tipo de codificação jurídico-social aparece já num curioso dado estatístico: na língua hebraica bíblica — que possui apenas 5.750 vocábulos —, há oito verbos para dar conta, do ponto de vista semântico, de uma experiência que possui um leque temático variado e cheio de nuances, iridescências e facetas. Perdoar faz parte daquela “economia” particular de amor que não faz cálculos, mas que se doa totalmente, quebrando a cadeia rígida do “dar-ter” e criando um novo regime nas relações humanas.
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