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Johnny Wadd E A Música Silenciosa Do Rancho Spahn
KOTTER EDITORIAL
44,70
Sob encomenda 8 dias
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Este livro noir tem partes dignas de Raymond Chandler. E a razão é simples: Renzo Mora roubou trechos inteiros do mestre (ele prefere o verbo “samplear”). Como se não bastasse, ressuscitou o obscuro detetive Johnny Wadd, interpretado pelo infame astro pornô John Holmes nos anos 1970. Um livro que insulta a memória de Miles Davis, Dashiell Hammett, Doris Day, Ray Conniff (???) e – por incrível que pareça - do famigerado Charles Manson, entre outrosEscrever humor é como tocar jazz. Você precisa de saxofone, baixo, bateria, trombone de vara e um taco de beisebol para afastar quem trouxer um berimbau.Hmmm. Pensando bem, escrever humor é completamente diferente de tocar jazz.A não ser numa coisa: muita gente faz pose de Ornette Coleman, mas não passa de um Kenny G. O que não é o caso do Renzo Mora, obviamente, ou eu não estaria escrevendo essa orelha, bolas.Renzo foi colaborador de todas as revistas masculinas que eu tive o prazer (hmmm) de editar: Vip, Sexy e Playboy.Revista masculina era uma publicação feita para a distração de homens heterossexuais que, sem elas, começam a fazer churrasco, invadem outros países e votam na extrema-direita. A última Playboy brasileira foi publicada em 2017 e, no ano seguinte, você sabe muito bem o que aconteceu, né? I rest my case.Mas estou me desviando, pois eu falava era do Renzo Mora.Renzo tem um texto preciso e sofisticado, que transborda de referências culturais, mas sem que isso pareça pernóstico ou fora de contexto. Tudo se encaixa (hmmmm).Depois que as revistas masculinas terminaram (mas que rápido, benzinho!!), fizemos juntos o site República dos Bananas, um coletivo de humor que resistiu bravamente durante cinco anos. E atualmente tocamos, com o Túlio Andrade, o perfil “Marcha da História” no Twitter. Se você deseja conhecer a verdadeira história da civilização (e também do Brasil) não deixe de consultar a arroba @marchahist, que é inteiramente produzida por estagiários regiamente bem pagos, porém subnutridos. pois gastam tudo com substâncias ilícitas. Somos uma empresa muito liberal e permissiva (hmmmm).Mas estou me desviando outra vez, pois eu falava era do Renzo Mora. Esse livro aqui, “Johnny Wadd e a Música Silenciosa do Rancho Spahn”, é um coquetel “pós-moderno”, como diziam os críticos. Os críticos, hoje extintos, eram pessoas críticas e o “pós-moderno” é tudo o que aconteceu quando a gente desistiu de criar coisa nova e passou a pilhar a obra dos outros. Exatamente como faz o Renzo. Ele mistura Johnny Wadd (personagem de Jonh Holmes em vários filmes pornôs), Raymond Chandler, Charles Manson, os Beach Boys, Doris Day e Ray Conniff, aquele Kenny G. degenerado, numa trama noir passada na Califórnia ensolarada.Para ter uma ideia do que é isso, imagine a seguinte cena: Quentin Tarantino entra num bar. No bar está o Woody Allen. Tarantino conta pro baixinho neurótico o que planeja para seu novo filme, “Era uma vez em… Hollywood”. Allen escuta extasiado e fica pensando: “Isso é ótimo! Se eu matar esse cara, roubar o roteiro e meter umas piadas no meio, eu faturo um Oscar! Certeza! Mas como conviver com a culpa? Será que existe um Deus? E, se existe, por que não transforma a Mia Farrow numa estátua de sal? Será que é problema de pressão alta?”Enquanto o genial cineasta reflete sobre esses dilemas morais, Tarantino o agarra e o beija com sofreguidão. Os dois se enlaçam como se não houvesse amanhã, vão para um motel ali perto e transam a noite inteira. Nove meses depois nasce o Renzo Mora, já com esse “Johnny Wadd” na mão.É isso. Não perca tempo, leia o livro. Leia e vai saber o que é encanto, leia e vai salvar o desencanto, leiaaaa o livrooooo…Edson Aran***
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