De Lula a Bolsonaro

VIANNA, RODRIGO
KOTTER EDITORIAL

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*** “De Lula a Bolsonaro – combates na Internet” Esta coletânea de textos jornalísticos ajuda a recuperar os debates que marcaram o país ao longo da turbulenta segunda década do século XXI, permitindo um duplo mergulho: de um lado, o leitor revisita os embates e impasses políticos, lendo uma crônica dos acontecimentos narrados a quente; de outro, acompanha como esses debates se deram num meio até então pouco conhecido no Brasil – a internet. Sim, este é também um livro sobre o momento raro em que s e redes sociais passaram a ocupar espaço central no debate político. O autor não observou isso tudo de longe. Ao contrário, esteve mergulhado na construção de um campo que se consolidou a partir de 2010 com os encontros de ueiros progressistas e a organização do Centro de Estudos Barão de Itararé. José Serra, o candidato do PSDB a presidente em 2010, foi padrinho involuntário desse movimento, ao classificar como “s sujos” todos aqueles que não se alinhavam com a mídia corporativa brasileira. Serra não sabia que os ueiros costumavam se reunir num restaurante de São Paulo chamado Sujinho, e que por isso adotaram com gosto o apelido que ele lançara como xingamento. O Escrevinhador era um desses s. Criado em 2008, por sugestão de Luiz Carlos Azenha – ele próprio pioneiro da osfera –, surgiu como sítio independente, sem vinculação com portais de notícias ou organizações políticas. Quase todo o material reunido nesta coletânea tem como origem o Escrevinhador. As exceções são dois textos publicados como capítulos de livros sobre o golpe de 2016, bem como alguns posts mais recentes do Brasil 247 – onde o autor hoje atua, como articulista e apresentador de programas jornalísticos. O livro mostra a estranha travessia vivida pelo Brasil: do crescimento econômico com redução das desigualdades e projeto nacional independente, que colocou o país entre as nações mais importantes do planeta, no governo Lula, ao avanço do autoritarismo com a volta da fome, além da morte de mais de meio milhão de brasileiros durante a pandemia, na gestão Bolsonaro. O livro lembra que esses embates vem de longe, e são a continuação do velho “fio da história”: o ciclo Lula/Dilma significou de alguma forma o encontro do PT com a melhor tradição trabalhista, inseparável da construção do moderno Estado nacional. Depois da surpreendente trajetória, na última década, o Brasil decide se vai reatar o fio da história. E pela segunda vez pode ser Lula a liderar o projeto de reconstrução nacional, num cenário ainda mais difícil do que encontrou ao chegar ao poder pela primeira vez, em 2003.
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