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Histórias De Gente Errada
KOTTER EDITORIAL
44,70
Sob encomenda 8 dias
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Em literatura, o breve pressupõe o domínio da concisão. Encontrar Lygia Fagundes Telles e Dalton Trevisan na dedicatória deste livro, nesse sentido, não é mera casualidade ou tributo de praxe. Trata-se de reconhecimento, por parte da autora, da linhagem à qual sua escrita se vincula. Histórias de gente errada, para além dessa questão de estilo, dialoga com uma tradição estética que prescinde de evocar o belo para agradar o leitor. Quem passa por estas páginas, encontra uma combinação de elementos estranhos e fantásticos mediados por narrativas que tematizam diferentes manifestações de violência; um mundo habitado por personagens dilacerados que atravessam dilemas alheios à possibilidade de redenção. Esses contos nos oferecem uma experiência singular na qual o horizonte é constantemente negado. A cada relato, um novo golpe é desferido, de modo que o drama absurdo vivido por essa gente errada acaba se convertendo na incontornável pergunta: por quê? E, dessa pergunta, aflora aquilo que aparentemente é o mais improvável quando nos afastamos do belo: a empatia. Chega um ponto no qual os binômios formados por crueldade e dor, ofensa e vingança, nos levam a desejar que a sina desses personagens pudesse ser outra. Que a realidade pudesse ser outra… Não é essa uma das dádivas que esperamos da literatura? De um jeito bem malcomportado, é justamente essa dádiva que a literatura escrita por Bia Moraes nos brinda. Rafael Ginane Bezerra Professor, escritor e coordenador de oficinas de leitura e escrita ***Histórias de Gente Errada reúne excelentes contos da jornalista Bia Moraes. Difícil será o leitor evitar o impacto destas estórias, um cadinho da bela e cruel realidade, pinceladas incisivas da vida como ela é. Tragédias urbanas e passionais costuradas pelas filhas de Nix, fiandeiras dos destinos terríveis das personagens deste livro: em geral, mulheres vítimas da violência, da ignorância, do silêncio. Algumas não suportam e reagem, outras aceitam resignadas a crueldade do destino e do desamor. Sob a melhor influência do realismo fantástico de Lygia Fagundes Telles e do hiper-realismo de Dalton Trevisan, Bia encontra sua voz ao mergulhar na psicologia dos personagens, explorando suas generalidades e singularidades a só tempo, concentrando-se no que é essencial à forma através do discurso cotidiano, captando o dito e no não dito, ora idealizando um final feliz, ora a confirmando a maldade humana. Claudecir de Oliveira Rocha
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