Um Centro Educacional Brasileirinho Da Silva


APPRIS EDITORA

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12/12/2025


Gilberto Freyre, em 1923, escreveu uma nota no jornal se colocando contra a alfabetização. Ele ainda arregimentou os culpados por criarem a “superstição” do alfabetismo: “um velho de Mainz” (Gutenberg), “um frade — pedagogo de Wittenberg” (Lutero) e “um genebrês de juízo solto” (Rousseau). Eles teceriam, cada um ao seu modo e ao seu tempo, um entendimento, que nos ajudaria a preparar uma sociedade moderna, na qual a educação escolarizada é considerada essencial para formar um novo homem. Freyre ainda indagou se o alfabetismo seria a felicidade máxima de um povo e, numa observação espirituosa sobre a máquina inventada por Gutenberg, concluiu que, caso possuísse talento mecânico, inventaria uma máquina — mas para produzir analfabetos! Porém, a vida é feita de encontros, e pensamos que foram alguns contatos de Freyre durante o governo de Estácio Coimbra (1926–1930), de quem ele era assessor, que o fizeram mudar suas ideias sobre alfabetização. O ambiente pedagógico em casa, com seu pai Alfredo Freyre, e o forte diálogo intelectual com Carneiro Leão, o encontro dele com a docência, ao lecionar Sociologia na Escola Normal de Pernambuco, foram encontros que o fizeram quebrar imaginariamente a máquina que queria para reproduzir analfabetos e, no devir, o ajudariam a perceber a necessidade da alfabetização para a formação do homem novo. Tanto que, nos anos 1950, dirigiu o Centro Regional de Pesquisas Educacionais de Pernambuco (1957–1975). Ousamos dizer que Freyre deve ter refeito suas impressões, ditas na nota de jornal, e atribuído outro sentido ao invento de Gutenberg, ao arrojo de Lutero e às inquietações de Rousseau. E mais, se fosse hoje, Freyre, ao ver a taxa de analfabetismo no Nordeste, numa de suas tiradas, diria: “Invente-me uma máquina para produzir alfabetizados!”.
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